terça-feira, maio 25, 2010

Two coins for the boatman


I

há de chegar o dia
em que minha respiração
falhará.

e com a vista turva,
serei telespectador

in

high




d.....e..... i
...........f.......n
........................i....t.....i
.......................................on.

da minha própria
morte


II


talvez um ataque
cardíaco fulminante,
depois de anos à fio
entre Burger Kings
e McLanches.

quem sabe definhar
em constante (des)amor
com o desespero.

ou, ainda, por mais
inglório que pareça,

matar-me de estresse
por falta de (muito)
dinheiro.


III


mesmo assim,
por favor, não esqueça:

em meus olhos,

ponha duas moedas
para o barqueiro.


André Espínola

3 comentários:

Felipe Ferreira disse...

Ótimo ler vc novamente.
Meu desejo é que vc produza, produza, produza.

Abraço.
Felipe

Glauber Vieira disse...

Opa, o texto todo é bom, mas esse final, fechou com chave de ouro.

disse...

Do caralho este poema André... " em meus olhos/ ponha duas moedas/ para o barqueiro"... uau, nossa!!