terça-feira, novembro 04, 2008

De uma ex planta artificial

Foto: Felipe Ferreira


era uma planta
artificial
que ficava num canto
da sala
que não pegava sol.

via o mundo por uma
pequena fresta
na janela.

o seu dia era a noite,
interrompido
pelo desligar-se
das lâmpadas na madrugada.

as folhas tinham
um ar longínquo
e disperso.

sua raíz sonhava.

não chorava.
nunca chorou.

nunca fora engolida
pelo orvalho,
e nunca servira de ninho
para pássaros.

só os ouvira cantar
o canto de desespero
engaiolado.

se pudesse cantar,
unir-se-ia a eles
em uníssono cântico.

diante de seus olhos
plásticos suplicantes,
coloquei-a num jardim

e vi que por tanta
vontade de crescer

cresceu.

chorou.

levantei a vista para ver
as suas folhas e frutos
úmidos de orvalho,

e um passarinho cagou na minha testa.

não o vi.

apenas ouvi seu canto libertário
que ecoava pelo o jardim.

a árvore, agora permeada
pelas formigas
e pelo sol,

sorria.

André Espínola

6 comentários:

Fred Matos disse...

Muito bom.
Parabéns!
Abraços

Betomenezes disse...

maravilha de cenário

Anônimo disse...

Excelente, cara!

Parabéns mesmo!

Jessiely Soares disse...

Eu acho que ainda paquerarei esse poeta!
:P

Maravilha de poesia, André. Imagem linda demais e bela foto de Felipe, tudo se encaixou perfeitamente.

:D

Giselle Sato disse...

A planta sugere toda a dor da nossa solidão. Pelo menos, foi assim que entendi. Muito bom

Anônimo disse...

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