A grande guerra é aquela que não se mostra aos olhos, que se camufla brilhante na escuridão da noite e se arrasta imperceptível no trocar das horas. É aquela que, ao som da chuva na janela, faz com que os prédios marchem, tal qual camponeses revoltosos, com tochas de postes à mão, e pequenas casas cantem john Lennon:
- "poder para o povo"!
Mas, do outro lado, a Estátua da Liberdade voa feito super-homem até o Egito, onde monta a Esfinge em defesa dos bens da civilização, e o Cristo Redentor, quase rendido, escapa das balas perdidas no Rio de Janeiro, alonga os braços há muito parados, e parte pra guerra, que, inclusive, parece a luta entre o megazord e um monstro num dos episódios de power rangers.
Enfim, com a Liberdade já descoroada e a Esfinge esbaforida, o Cristo resolve fazer uso do seu poder divino e finca os prédios no chão, como os romanos fizeram com sua cruz, e crucifica-os em cruzes de concreto, que permanecerão imóveis até os fins dos dias, ou até o concreto ruir como madeira apodrecida.
André Espínola
1 comentários:
Porra,André, o texto tava tão bacana até o megazorde dar as caras...
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