Cá estou eu de volta ao meu Recife. Nada como ver a cidade depois de um tempo fora. Mas não vê-la de um avião, helicóptero, asa delta, ou seja lá o que voe, mas sim vê-la enquanto penetra-se nela lentamente, como num carro ou ônibus que vai chegando pela BR-101, por exemplo. Melhor ainda: carro ou ônibus que vai chegando pela BR-101 à noite, deixando para trás a escuridão total do asfalto negro, somente iluminada com vaga-lumes vermelhos e amarelos, piscando, indo e voltando. Árvores negras de beira de estrada, pequenos vestígios de uma Mata Atlântica devastada e todas suas folhas negras também são deixadas para trás e, de qualquer forma, cá estou eu de volta ao meu Recife com todos os seus chips gigantes. Mas para que tantos? Passando pelo viaduto que cruza a Av. Caxangá, a maior em linha reta da América Latina, percebo os chips dos bairros da Madalena, Casa Forte, Torre, etc, etc, e etc, todos com suas luzes ligadas, apagadas, ligadas, apagadas, ligadas, apagadas, e seus bits e bytes lá dentro escondidos no anonimato da noite. É o Recife processando sua energia em chips gigantes de concreto. Eu era apenas um bit desgarrado que se tinha ido embora, mas que agora rumava à segurança do meu próprio chip. Apenas mais um nessa máquina da cidade grande. Mas para que tantos? De qualquer forma, cá estou eu de volta ao meu Recife.
André Espínola
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1 comentários:
Que bom que está feliz em retornar ao lar.
Como te disse: Ruim é pra quem fica, vazio não vai embora.
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