a cidade pára,
as árvores, as ruas,
os altos prédios,
e uma bandeira do Sport
pendurada numa janela,
como mortos
depois de enterrados,
que nem fios de cabelos
movem mais
e só com o tempo
soltam-se e caem.
mas está viva,
posso sentir sua respiração
como num sono de cinderela.
um dia a cidade acorda
e os prédios e as folhas
hão de cair,
o cimento decomposto
e as folhas murchas
hão de passear pelas ruas
que com passos
fracos, mas ritmados
ainda hão de esburacar
seus asfaltos,
e aquela bandeira do Sport,
na janela,
voltará a voar
abraçada ao vento,
agora a cidade só posa para uma tela
que ninguém pinta,
e espera
uma obra que nunca sai.
e só o que tem vida na cidade
é o que já está morto:
eu, tu, eles
e nós todos.
André Espínola
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