kd Carnaval

Estranho Bloco

É Carnaval;

O frevo rola solto,

As pessoas fantasiadas,

Todas alegres, embriagadas,

E os clarins

Anunciam a marcha;

Sol escaldante,

Contrastam com

Os felizes semblantes

É Carnaval...

Um brilho especial

Nos olhos dos foliões,

Que fitam maravilhados

Os estandartes,

Segurados por foliões

Que, não obstante o calor

Do meio dia,

Estão vestidos de preto

E com os rostos

Pintados de branco...

Eles carregam

Os dourados estandartes,

E à sua frente,

Um mancebo

- Já completamente bêbado -

Joga-se ao chão,

E a multidão,

Em meio

A vários gritos,

Vai ao delírio.

Ao levantar-se,

Apaixonadamente

Beija o Estandarte;

E continuam

O bloco e o furor,

Enquanto se vai

Embora o calor;

Febo dá lugar à Diana,

E várias frases

Soam estranhas:

"Divinas Parcas!

Cortem já o meu fio!"

Ou "Vem logo! Me abraça!"

E na noite,

As letras do Estandarte

Brilham imponentemente,

Dando o conhecimento

Aos néscios

Do nome daquele

Estranho bloco...

Não é o da saudade,

Nem o galo da madrugada;

Cantam apenas com felicidade

Exaltando da morte

Suas faculdades!

O conhecido, fiel,

Mas impopular, bloco,

Onde tem por foco

As benfeitorias da Morte!

André Espínola